quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Memória selectiva

Quando nos lembramos de coisas passadas de certeza que todos já reparámos que nos lembramos de factos que estão frescos na nossa memória, mas que existem outros que, por alguma rezão, desaparecem.
Ao ver os meus filhos crescerem lembrei-me do primeiro dia que fui para a escola. Do que se passou, da professora ter-me recebido, de ter chorado, de ter, inclusivé vomitado. Lembro-me da cara da professora. E, quase, que garanto que se a visse hoje, se for viva, que a reconhecia.
Tinha 3 anos. Tive essa professora durante dois anos. Depois, e na mesma escola, fiz a escola primária. Tive a mesma professora durante quatro anos. mas não me lembro da cara dela. Só me lembro que se chamava Maria da Graça, Gracinha para os miúdos.
Porque razão nós nos lembramos de umas coisas mas não de outras. Ambos os factos descritos são semelhantes e não existe, pelo menos aparentemente razão para serem vistos pelas células da memória de modo diferente.
O mesmo se trata com outras situações. podemos passar imenso tempo sem ver uma pessoa, que mal a vimos sabemos que é. No entanto pessoas que falamos durante muito tempo, se deixarmos de ter contacto, durante um ano ou seis meses, já não nos lembramos delas.
Parece que algumas escamas da nossa memória mantêm-se ao longo dos anos, mas outras caem e são substituídas por outras memória novas, fazendo assim, a nossa pele escamosa da nossa vida.

Nenhum comentário: